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Sob as sombras da incerteza

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Mensagem por Yami no Tsuki Seg Fev 08, 2010 9:46 pm

Título: Sob as sombras da incerteza
Autora:Yami no Tsuki
Classificação: G
Advertências: Violencia
Gênero: Angst
Disclaimer: Nada em Supernatural me pertence, nem me causa lucros, além dos meus devaneios...
Resumo: Dean está com 12 anos quando Sam, com 8, começa a entender o que eram os "negócios da família" em uma fatídica noite de febre. Dean se fecha. Mas por que e o que Sam pode fazer para quebrar a barreira que se ergue entre eles ...?


I hope you enjoy!


Chap 1 - Sob os olhos de um assassino


Sam fora acordado no meio da noite, sentindo aquelas mãos tão conhecidas e que as vezes pareciam fazer parte de sí mesmo, apertando de leve seus braços e em frente a seus olhos assustados, arrancados de mais um pesadelo estava Dean, como sempre Dean. Mal sabia ele que agora era o motivo real dos pesadelos que atormentavam o sono de irmão caçula.

Dean o observava como o olhar de sempre, aquela forma acolhedora que fazia Sam adormecer em segundos logo após ter um sonho horrível. Aquela calmaria estagnada nos olhos verdes que arrasavam todas as suas preocupações e temores. Sam sabia que ele estaria sempre alí não importasse o quanto pudesse ser difícil suportá-lo as vezes. Sabia que Dean jamais o abandonaria.

Da mesma forma que sabia que as suas eternas perguntas irritavam Dean, sabia que a forma com que agia e como falava com o pai o deixavam chateado, sabia que às vezes ele deveria ter vontade de socá-lo, mas tinha uma certeza maior ainda de que Dean jamais o faria, não naquela idade, talvez quando fossem mais velhos ele devolveria em forma de socos todos os sapos que Sam o fizera engolir, mas não agora, não hoje.

Sam perdera a conta nas últimas semanas de quantas vezes acordara no meio da noite e vira Dean olhando para ele no escuro, sentado ao seu lado em completo silêncio para não acordá-lo, então Sam voltava a fechar os olhos, fingindo que ainda dormia para que Dean não ficasse sem graça. Dean estava em eterna vigia...uma solitária e dolorosa vigia...

Quando Sam ia dormir, ele ainda estava de pé e quando acordava, o fazia por sentir o cheiro do café da manhã que o irmão preparava. Sam tinha certeza de que Dean mal dormira desde que voltara do ocorrido um mês antes e que passava todas as noites o velando e por mais que quizesse absurdamente dizer que estava tudo bem, não o fazia, pois sabia bem que olhar veria naqueles olhos tão bonitos.

Aqueles olhos que podia reconhecer nas fotos antigas de uma família feliz que não chegou a conhecer, os olhos de Dean eram idênticos, eram os olhos da mãe amorosa, os olhos da esposa perdida, eram os olhos de Mary que se refletiam naquelas retinas preocupadas.

Se dispensasse aquela proteção, Dean faria aquela cara de tristeza que só ele sabia fazer, aquela expressão de desgosto e cansaço acumulados de todos os últimos dias, talvez de sua vida inteira. Sam sabia que por mais que o questionassse ele jamais responderia mais do que o normal : "Não se preocupe, eu cuido de você, é o meu trabalho."

Por mais que o irritasse, por mais que o chatiasse á ponto de quase enlouquecer o Dean de algum tempo atrás, agora ele sempre mantinha a calma com Sam. Sempre o deixava ganhar, sempre o deixava ter razão, sempre o deixava ser tão... criança. Sam não se lembrava de Dean sendo criança, não se lembrava de vê-lo brincar por sí mesmo, quando o fazia era em sua compania, como que para que ele não se sentisse sozinho. Aos seus olhos, além de irmão mais velho, além de protetor, Dean era um soldado cumprindo as ordens rígidas de seu general.

Um soldado solitário que tentava de todas as formas se manter sempre invisível...O pouco tempo que John tinha entre um trabalho e outro eram pra ele e não para Dean.

Dean, agora não falava, agia com Sam como se portava com o resto do mundo, praticamente só respondia aos interrogatórios dele. Quando ficava parado assistindo tv, Sam tinha a impressão de que ele não estava realmente vendo o que passava na tela, que seus pesamentos estavam a milhas do quarto de hotel da vez, talvez em seu pai, talvez nas coisas que ele sempre soube e agora também sabia, apesar dele ainda se negar a contar mais, a esclarecer as dúvidas que pairavam em sua cabeça. Ele não queria falar, não queria que pensasse naquilo, queria que pudesse esquecer e voltar a viver normalmente, como antes... Se é que um dia em sua vida havia sido normal...

Sam sentia a dor nos olhos dele por saber que todos aqueles anos de silêncio e cuidado haviam se desfeito em alguns poucos minutos. Sam já sabia a algum tempo, ouvira dos próprios lábios de Dean, mas ver era totalmente diferente e isso arrasava as pretenções do irmão para que ele pudesse ter algo que jamais pode almejar para sí próprio, uma infância... Nem que fosse só um tempinho mais, um ano, um mês, um dia... Não importava, apenas um pouco mais de sorrisos inocentes, um instante a mais de paz de espírito. Mas aquele desejo havia se perdido para sempre, assim como todos os poucos que já tivera.

Quando olhava para seus olhos solitários, que agora compreendia, sentia que seu irmão mais velho carregava todo o peso do mundo em seus ombros e que ele jamais diria isso em voz alta, talvez nem ao menos este pensamento já lhe tivesse passado pela cabeça. Mas ainda que aquele peso tinha um só nome, o seu, Sam...

Dean parecia uma estátua abandonada em meio a um mundo em movimento. Sam sabia que apesar de sua compania, Dean estava sempre só em algum lugar dentro dele mesmo, um lugar onde nem suas lágrimas e manhas cotidianas o alcançavam. Seu irmão era uma pessoa tão solitária que Sam tinha medo de que com o passar dos anos pudesse ficar igual... Especialmente depois de ver a verdade cravada em seu rosto.

"E Dean só tinha doze anos... Apenas doze anos..." Sam pensava... E já não haviam curativos o bastante para estancar a dor de suas feridas, pra conter o sangue em suas mãos...

Observara o irmão mais velho todos os dias de sua vida enquanto esperava a hora de comer, olhava-o e tentava descobrir algo do que ele gostasse por sí mesmo, algo que o fizesse sorrir por seu próprio eu e não por ele ou por seu pai.

Procurava insessantemente mas não encontrava nada... Aquilo que todo mundo tinha, não importava quanto ruim fosse a situação, algo que fizessem seus olhos brilharem e sua mente se desligar daquela realidade cruel nem que fosse só um pouquinho.Uma área de escape, um refúgio da dor.

Tinha vezes que ele desconfiava que seu irmão havia sido trocado por um robô igual naqueles filmes que assistiam juntos depois de muita insistência de sua parte, aqueles em que tinha certeza que se perguntasse alguma coisa sobre, mesmo depois de assistirem duas horas ininterruptas, que Dean não mais responderia e rezava para o ouvir fazendo alguma piada da cara dele como antes, mas Sam tinha certeza que ele não estava realmente vendo nada por todo aquele tempo. Sentia falta do antigo Dean... até de ser chamado de Samantha, até isso...

Depois do que Sam vira com os próprios olhos, Dean havia mudado, mudado não, mas ficado pior...havia se afundado de vez na escuridão. Se antes ele já era quieto, agora ouvir sua voz era quase um milagre. Seu pai havia lhe dito uma vez que quando a mãe deles havia morrido, Dean ficara muito tempo em silêncio e só voltara a falar quando ele começara e por isso cada palavra que Sam arrancava do irmão mais velho agora parecia-lhe mais valioso que o troféu da feira de ciências que havia ganho alguns meses antes.

Cada palavra, cada meio sorriso daqueles lábios eram um alívio...Sam rezava todos os dias para que ele nem mesmo tentasse imaginar o motivo de seus recentes pesadelos, se ele descobrisse tinha medo de jamais ouvi-lo chamar seu nome novamente... Tinha medo de que sua voz fosse embora assim como os seus sorrisos já haviam ido... E como ele sentia falta daquele sorriso, Dean nem ao menos podia imaginar.

A única expresão que se mantivera a mesma era a de quando John ligava dizendo que estava voltando, Dean não fechava os olhos até vê-lo entrar pela porta, porém toda aquela angustia de reencontrar o pai não se refletia quando estava bem á sua frente. Enquanto Sam corria para seus braços e se agarrava ao seu pescoço, ele simplesmente acenava a uma certa distância como se não quizesse atrapalhar, como se não quizesse ser um incômodo e não o filho querido que deveria ser.

Sam estava crescendo e seu cérebro sempre ativo e ligado em 220 começava a perceber coisas que antes não conseguia notar. Olhar para Dean do alto dos ombros de John como sempre fizera, agora lhe causavam um nó na garganta e algumas vezes não podia segurar uma lágrima ou outra. Por que ele não pedia por atenção também? Por que não a exigia como ele fazia?

Então, ao acordar no outro dia seu pai já não estava mais alí e tudo voltava ao normal e tudo era jogado nas costas dele novamente. Muitas vezes acordou com um Dean claramente doente á sua frente, cuidando dele como se não houvesse nada de errado, enquanto os graus de febre só aumentavam e enrubeciam seu rosto e ele continuava dizendo sempre que estava tudo bem e para ele não se preocupar.

"Dean era forte e ele não precisava se preocupar..." Seu pai lhe repetira isso tantas vezes que este pensamento se tornara tão comum que agora sentia-se como um traidor de faroeste, não havia perdão para ele, nem havia desculpas o suficiente para curar todo o descaso com que ele o tratara. Sam tinha visto o quão forte ele era, mas também como podia ser frágil... Se Dean nunca mais voltasse ao normal seria sua culpa, toda sua.

Aquela noite era um desses dias, seu pai havia viajado mesmo sabendo que ele não estava bem, tinha de caçar alguma coisa em algum lugar, caçar era tudo o que ele sabia fazer. Dava para sentir a temperatura elevada de Dean apenas de chegar perto e por mais que ele tivesse dito que não, pois Sam poderia ficar doente também, não pode se livrar dele de forma alguma e este foi um dos motivos para que ele não conseguisse perceber o perigo que se aproximava.

Dean havia sido treinado arduamente para proteger... A qualquer barulho, a qualquer mudança de atmosfera, seus olhos estavam sempre em guarda, era um soldado sem descanço, um sentinela sem guarita.
Sam se mexia na cama o tempo todo, incomodado com o calor que vinha dele e estava tão perto, tão colado á Dean que todos os sentidos do irmão mais velho estavam voltados para seus movimentos e tudo foi tão rápido que mal pôde reagir, não notou aquela presença antes que estivesse perto demais, antes que fosse tarde demais.

Foi acordado ao ser jogado da cama com um movimento brusco do irmão, que puxara a faca de prata que guardava sob seu travesseiro instantaneamente ao sentir uma dor aguda e dilacerante percorrer suas costas e a cravara bem no peito da enorme criatura á sua frente. Sam estava paralizado de medo, vendo as garras do monstro rasgarem mais um pedaço do corpo de Dean ainda preso sob as cobertas. Ele fora acordado do choque com os gritos de Dean mandando que se escondesse no banheiro e trancasse a porta.

Uma das regras dos Winchesters era jamais trancar a porta do banheiro, coisa que Sam nunca entendera e acabara de descobrir o porquê da pior forma possível, aquele podia ser um último refúgio. Por mas que quizesse seus joelhos não o obedeciam e ele demorou um pouco para cumprir a ordem dada em meio ao desespero. Viu Dean se desvencilhar do monstro, correndo em sua direção.

Tudo o que Sam conseguiu compreender era que ele estava dentro do banheiro sozinho, enquanto Dean estava lá fora com aquele monstro, gritando para ele trancar a porta, suas mãos tremiam muito mas ele o fez. Ouviu algo bater com força contra a madeira em meio a um barulho horrível, como se um cão feroz estivesse atacando. E então se fez um silêncio completo, tão ou mais amendrontador quanto todos os segundos anteriores. Ouviu a voz baixa de Dean mandá-lo ficar lá dentro e o barulho de algo leve sendo arrastado pelo chão.Ouviu o som das teclas do telefone meio abafados, mas sabia que estva escuro demais para poder ver alguma coisa do lado de fora daquela porta.

_Pai...- Sam ouvia Dean sussurrar baixinho, como quando não queria acorda-lo. - Vem bus.. buscar...Sammy... - e o barulho de algo caindo no chão em seguida. Ouviu a voz do outro lado da linha se exaltar.

_Dean...?É você Dean...? É o Bobby... Dean! - Sam automáticamente discumpriu a ordem do irmão e forçou a porta com toda a sua força e mais alguma, empurrando o corpo do irmão recostado nela. Focou seus olhos nas mãos de Dean e viu o telefone caído ao lado de sua mão esquerda. Pegou-o e sem perceber estava em lágrimas.

_Tio Bobby!- Sam não conseguia falar mais que isso e Bobby sabia disso.

_Sam...- disse em um tom calmo, tentando arrancar alguma coisa dele além de choro - Sam, onde vocês estão, me diga que eu vou aí buscar vocês.

Sam estava confuso e não conseguia pensar direito, ia dizendo coisas sem nexo em completo desespero.
_O Dean...um monstro, ele...ele...não quer acordar...Tem um...um... no chão sem... sem...- Bobby não conseguia acalmá-lo e nem a sí mesmo. Respirou fundo e falou com calma.

_Sam, o Dean, como está o Dean...?- ouviu ele chorar mais alto ainda.

_Eu não...não sei... - Sam não conseguia olhar para o rosto do irmão, tudo o que via ao seu redor era sangue e mais sangue.

_Sam, me escute eu vou ligar para o seu pai e perguntar onde vocês estão. Me escute, desligue o telefone e o coloque no gancho, você ouviu? Se ele tocar, quero que atenda na hora, entendeu?
_Uh-hum...- foi toda a resposta que teve dele.

Sam fez o que Bobby mandou, agiu como Dean agia, sem perguntas como um bom soldado. Colocou o telefone no gancho enquanto tomava coragem de olhar para seu irmão, bem á sua frente, tão rente que quase se tocavam. Sam continuava de olhos fechados e sentir calor da febre de Dean o acalmou um pouco, saber que ele ainda estava ali lhe causava um conforto absurdo, como se apenas por ele continuar a respirar tudo ficaria bem, como Dean sempre dizia.

Tomou coragem e abriu os olhos devagar, tinha ficado tanto tempo com os olhos fechados que podia enxergar um pouco, mesmo no escuro. Colocou as mãos em seus ombros e o recostou novamente contra a porta e suspirou aliviado ao ouvir Dean respirar com alguma dificuldade, suas roupas estavam escuras e molhadas e seu rosto pálido.
Levantou-o devagar e viu vários cortes em sua face, passou as mãos em seus cabelos e sentiu as ficarem úmidas na hora. Lembrou-se do que Dean tinha feito com ele quando ele caíra do balanço no parquinho e havia um corte em sua cabeça e fez o mesmo, passou as mãos pequenas por entre seus cabelos louros devagar procurando por algo que ele não sabia o que era, mas tinha certeza de que se encontrasse, reconheceria na hora. Sentiu um corte em transversal de onde o sangue saia, mas não parecia ser muito grande.

Olhou para seu peito, a camisa branca que vestia, no escuro, estava preta e rasgada sobre o ombro direito. Sam não conseguia olhar mais, não queria ver o que havia debaixo da roupa banhada em sangue. Não tinha forças para isso, abraçou Dean como quando ele o abraçava quando estava doente, ajoelhou-se ao seu lado e descançou sua cabeça contra seu peito, rezando para que seu pai chegasse, para que o tio Bobby chegasse, qualquer um. Perdeu a noção de quanto tempo estava a esperar, tudo o que sabia era que era tempo demais.

Sam sentiu todos os pelos do corpo se arrepiarem ao ouvir a porta ranger, abrindo bem devagar, junto áquele som estava um rosnar, baixo mas completamente perceptivel aos ouvidos do garoto. Sam estava paralizado, vendo a sombra da criatura se agigantar pela porta bem á sua frente, não podia fazer nada, não sabia lutar, nem atirar e seu único pensamento era proteger o irmão mais velho desacordado em seus braços. Fechou os olhos com força se encolhendo sobre o corpo do irmão...Se fosse para acabar assim, então iriam juntos.

Do nada, quando a criatura chegou bem perto, sentiu Dean se mover em seus braços e o som de um tiro o desnorteou por um instante, olhou para Dean e o sentiu empurrando seu corpo da linha de fogo enquanto descarregava a arma em sua mão esquerda contra o monstro. Sam sentiu o chão balançar com o choque do enorme ser.

Acompanhou Dean se desvencilhar de seus braços deixando a arma no chão e com apenas uma faca correu para cima da criatura caída que ainda se movia a menos de dois metros á sua frente. Dean cravara a lâmina inteira no peito dela, como se o fato de poder usar apenas um braço esquerdo não importasse e continuou a fazê-lo até a monstro ficar imóvel e em completo silêncio.

Dean estava banhado em seu sangue e era aquele rosto que Sam via em seus pesadelos e não conseguia mais esquecer, aqueles olhos grandes, frios e focados, desenhados em meio ao vermelho profundo... Apenas seus olhos vidrados, não mais os olhos do seu tão adorado irmão que cuidava dele todos os dias desde que podia se lembrar, nem mesmo os olhos de um soldado obediente, aqueles eram os olhos de um caçador treinado, de um predador astuto, os olhos de um assassino...


Continua...
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